A instituição da Festa do Divino Espírito Santo é creditada às confrarias do Espírito Santo, existentes desde há muito na Europa. A precursora, em Portugal, foi a rainha Isabel (1271-1336), no século XIV, em Alenquer. Mas, é muito provável que a Festa do Divino tenha raízes nas remotas festividades pagãs das colheitas, em antigas culturas. A rainha Isabel era filha de Dom Pedro III, rei de Aragão, e esposa de Dom Diniz, rei de Portugal. De acordo com a tradição, a guerra envolvia a família real, pois Dom Diniz estava em luta aberta com seu filho, o infante Dom Afonso.
Em busca de paz, a Rainha consagrou seu país ao Espírito Santo e conseguiu, além dos Franciscanos Espiritualistas, que os pobres se unissem às suas preces. As orações foram atendidas e a paz voltou a imperar na família real. Em forma de agradecimento, Isabel doou sua coroa a uma Igreja, manifestando seu desejo de que anualmente fossem dedicadas renovadas ações de graças ao Espírito Santo. Era o prelúdio da paz e da justiça. Dessa forma, a Rainha Isabel enriqueceu e deu novo estímulo às festividades do Espírito Santo em Portugal como prelúdio da era de paz e justiça, a Era do Espírito Santo.
A Festa realizava-se no Dia de Pentecostes e consistia numa cerimônia solene, imbuída de ricos simbolismos religiosos e místicos, denominada de Império, na qual o Rei e a Rainha exteriorizavam a sua vontade de servir o seu povo no espírito da humildade e da caridade cristãs. Após a celebração da missa, realizava-se uma procissão culminando com a coroação do Imperador e de dois Reis. O Imperador e os reis eram crianças do povo, símbolos da inocência, a quem o rei e a rainha entregavam as insígnias do poder temporal: as suas coroas e o cetro real. O Imperador fazia-se acompanhar por três pajens e duas damas de honra. Estas últimas recebiam seus dotes dos reais anfitriões. Seguia-se uma tourada e a carne era distribuída aos pobres, e depois se realizava um banquete ou bodo, onde abundavam para todos o pão, o bolo, a carne e o vinho.
Com mais ou menos detalhes quanto à origem, motivação e ritual da primeira Festa do Divino Espírito Santo, o certo é que a devoção se espalhou por todo o reino português, com destaque para a Beira Baixa, para a região de Tomar, Estremadura e o Barlavento Algarvio, até se radicar nos Açores, arquipélago descoberto em 1427 e distante 1.500 km da costa portuguesa.
Em Portugal continental, a devoção se alastrou e alcançou seu ponto culminante na Era das Grandes Descobertas, ou seja, no século XV. De Portugal continental para as suas Colônias e Possessões, a devoção acompanhou o movimento colonizador, chegando ao Brasil e a Santa Catarina.
Começava assim, a formatação inicial da festa em honra ao Divino Espírito Santo, a qual chegaria, no ano de 1748, com os açorianos, ao litoral catarinense e em 1854 a Santo Amaro da Imperatriz, onde, desde então, é realizada com pompa e circunstância, atraindo, todos os anos, milhares de devotos e foliões. Tempos em que a cultura popular se mostra.
Em Santo Amaro da Imperatriz a Festa do Divino não é diferente da festa de de Portugal, com algumas adaptações regionais iniciadas com a promoção da primeira Festa do Divino Espírito Santo, em 29 de maio de 1854, ou inseridas posteriormente.
No primeiro semestre daquele ano, as obras da segunda igreja estavam concluídas e a imagem de Santo Amaro havia sido entronizada, representando a figura do padroeiro da localidade e fazendo com que o topônimo Arraial de Santa’Ana do Cubatão fosse substituído por Santo Amaro do Cubatão. Nesse ínterim, líderes políticos reivindicavam a elevação do então Arraial de Santo Amaro do Cubatão para a categoria de Freguesia e Distrito de Paz; um abaixo-assinado foi organizado e encaminhado ao Presidente da Província de Santa Catarina. Nesse contexto, a população, de maioria absoluta descendente de açorianos e de africanos, oriundos das Freguesias de Enseada de Brito, de São José, entre outras, planejou a instituição da Festa do Divino Espírito Santo.
Consultado o Pe. Macário César de Alexandria e Souza, pároco de São José, e que atendia o Arraial de Santo Amaro, consentiu com a instituição da Festa do Divino Espírito Santo, com a realização da respectiva novena, com a presença dos mordomos, do festeiro e da população em geral, na qual, segundo ele, poder-se-ia “cantar em ação de graças” ao Divino Espírito Santo. E assim foi feito.
A articulação da primeira festa deve-se, principalmente, aos moradores do povoado Braço de São João. Para viabilizar financeiramente a festa, foram escolhidos os primeiros mordomos, que geralmente eram chefes de família que auxiliavam o coordenador da festa, ou festeiro, no desempenho de suas obrigações.
Lá, no Braço de São João, foi criada a cantoria ou folia do Divino, cujos responsáveis já cantavam e trovavam o “Terno de Reis”. O primeiro folião foi Romalino João da Silva, que tocava batuque, Feliciano Pedro da Silva tocava violão, a rebeca ou o violino era tocado por Biel da Rosa Dias e o pandeiro, por José Antônio Teixeira. Participavam ainda as cantoras: Caetana Maria da Silva e Felicidade Rosa Dias. Também foi escolhido o porta-bandeira que visitava as residências, abençoando-as e solicitando esmolas para ajudar na realização da festa. Os membros da família, por sua vez, beijavam a bandeira invocando a proteção de Divino Espírito Santo, fazendo-lhe promessas.
A primeira novena foi realizada na residência de Serafim Ferreira da Silva, no Braço de São João. Ao término da novena, a qual era coordenada por João Espíndola de Novais, iniciava-se a cantoria do Divino, durante a qual todos beijavam a respectiva bandeira pedindo proteção ao Divino Espírito Santo. As novenas eram realizadas tanto nas casas dos mordomos como na de qualquer pessoa interessada. Para a novena, na residência do anfitrião era preparado um oratório à Santíssima Trindade, diante da qual os devotos participavam de cânticos, ladainhas, salve-rainhas e outras orações; depois se iniciava a folia do Divino. Procedia-se, ainda nos momentos finais da novena, a arrematação das massas entre os presentes. Para a festa daquele ano de 1854, um senhor mordomo foi aclamado como festeiro.
Depois de findas as novenas, foi realizada a primeira Festa do Divino Espírito Santo. Para a qual, as bebidas eram preparadas pelos homens, na hora, numa cozinha improvisada. E as senhoras preparavam a alimentação. Promessas ou prendas da bandeira do Divino eram trazidas pelos procuradores com antecedência para a Igreja Matriz. As massas, fruto de promessas, foram levadas para as dependências da Igreja Matriz, no dia anterior à realização da festa, e colocadas sobre uma grande mesa, ao lado direito do Altar-Mor, para serem abençoadas pela Santíssima Trindade. Os fogos de artifício vinham de Porto Belo/SC, de carroça até o Arraial de Santo Amaro do Cubatão, para ornamentar e embelezar a Festa do Divino.
Sobre o ritual da festa, há informações de que, no sábado, dia 28 de maio de 1854, o povo foi até a residência do primeiro festeiro e de lá o acompanhou, às 17 horas, até a Igreja Matriz, juntamente com as autoridades do Arraial de Santo Amaro e o Pároco Pe. Macário. Depois, rezaram a novena e, após, a folia do Divino. Ao término desta, mais queima de fogos de artifícios e festejos populares.
No domingo, dia 29 de maio de 1854, às 08 horas, a grande massa de povo chegava ao pátio da Igreja Matriz; o Pe. Macário César de Alexandria e Souza, paramentado, acompanhou o povo que se dirigia até a residência do festeiro; de lá, retornaram para a igreja onde, às 10 horas, participaram da Missa.
Após a Missa, continuavam os festejos, com fogos e músicas; sendo que ao meio-dia era oferecido um banquete para os pobres. Os festejos continuaram por toda a tarde. Às 19 horas, houve novena com o festeiro e a sua comitiva. Na segunda-feira, dia 30 de maio, às 8 horas, os paroquianos acompanharam o Pároco até a residência do festeiro, com a comitiva e suas autoridades, e de lá deslocaram-se para a Igreja Matriz, onde se deu a celebração da missa, às 10 horas. Após as celebrações litúrgicas, os festejos populares continuavam, quando também eram distribuídas as massas para os pobres.
De 1854 até 1875, há poucas notícias sobre a Festa do Divino Espírito Santo em Santo Amaro. Entretanto, conseguimos localizar um texto relativo à Festa do Divino realizada em 1868. Nele, afirmava-se que Manoel Antônio Soares do Nascimento era imperador e que ele “muito se esmerou para fazer uma boa festa, para o que assaz concorreu o digno e inteligente vigário”. Segundo a mesma fonte:
Em 1875, a Festa do Divino sofreu significativas adaptações adequando seu conteúdo à secular tradição portuguesa. E, com esse objetivo, em abril de 1875, a pedido de Joaquim Alexandre de Campos, “Bernardo de Souza Franco – Sr. Conselheiro Inspetor da Corte Imperial – Petrópolis, Rio de Janeiro”[12], teria confirmado presença na Festa do Divino Espírito Santo de 1875. Em função da visita ou mesmo das determinações do supracitado Conselheiro Inspetor da Corte Imperial, a comunidade, através de suas lideranças, reformatou as festividades: decidiu comprar uma nova coroa, salva e cetro. Foi nomeado um festeiro e criada a Irmandade do Divino Espírito Santo. O Império do Divino também teve sua gênese nesse período, sendo construído posteriormente. Essas inovações significaram um novo tempo, resultando numa nova fase para a Festa do Divino Espírito Santo, em Santo Amaro da Imperatriz: a fase da tradição, da organização.
Como citamos, em 1875, foi fundada a Irmandade do Divino Espírito Santo, a 17 de maio, nas dependências da Igreja Matriz de Santo Amaro. Na sequência, na mesma reunião, o Coronel Gaspar Xavier Neves, fez “a leitura em voz alta e inteligível de todos os artigos do mesmo Compromisso”, declarando fundada a Irmandade do Divino Espírito Santo em Santo Amaro.
Do acima exposto deduzimos que em 1875, logo após a fundação da Irmandade, a mesma já possuía a Coroa do Divino Espírito Santo. Ainda no mesmo ano, “Antônio Cândido de Abreu que, escolhido para ser o imperador do Divino em 1876, decidiu adquirir coroa e cetro novos”, além da salva. E o fez na cidade de Salvador, na Bahia, em 1874.
A partir de 1876-1877, as atas da Irmandade referem-se a problemas administrativos e inobservância de artigos do Compromisso. Em junho de 1877, a reunião da Irmandade foi realizada na casa de Manoel Gonçalves de Abreu “por não haver ainda nesta Freguesia Império, digo, casa do Império”. No ano seguinte, a reunião de Irmandade, realizada em 24 de junho, aconteceu na “Casa do Império desta Irmandade”. No mês de agosto de 1879, o livro de matrícula da Irmandade do Divino Espírito Santo apresentava 56 membros.
Data-se a 12 de maio de 1883, a última ata da Irmandade do Divino Espírito Santo a que tivemos acesso. Em 05 de novembro de 1891, o Pe. Arcângelo Ganarini escreve ao bispo do Rio de Janeiro e, entre outros aspectos, afirma que “não existe Irmandade” na Paróquia de Santo Amaro. E continua: “Uma que existia, perdeu por felicidade seu Compromisso e não funciona mais”. Como causa do término da Irmandade cita que “um finório tinha feito dela um meio de lucro”. E termina: “Algumas opas que havia foram recolhidas à Igreja e servem, agora, para os que acompanham o S. Viático aos enfermos”.
Apesar da documentação afirmar que existia a “Casa do Império”, em julho de 1895, Dom José de Camargo Barros afirma que “com donativos do povo se está edificando um theatro do Espírito Santo”. O mesmo bispo, na mesma oportunidade, diz ter sido recepcionado, entre outros fiéis, pelos “irmãos do Divino”; o que significa que, apesar do Pe. Ganarini afirmar em 1891 que a Irmandade havia sido extinta, ainda existiam os “Irmãos do Divino”. O Livro de Crônicas, em 1941, também afirma ter existido a Irmandade do Divino Espírito Santo e que a mesma teria sido fundada em 1874[36] e extinta ainda no período de atuação do Pe. Ganarini: 1883 a 1900.
Num inventário realizado em maio de 1900, o Pe. Archangelo Ganarini confirma a existência do império do Divino Espírito Santo e afirma que o mesmo foi “edificado no terreno da matriz a expensas dos devotos, o qual, por não existir irmandade, de direito, pertence à Igreja Matriz”. Dom Duarte Leopoldo e Silva, sucessor de Dom José de Camargo Barros, em 1905, quando de visita pastoral a Santo Amaro, confirma a existência do “theatro do Espírito Santo”. O Pe. Frei Burchardo Sasse, em 1904, tentando resumir informações históricas sobre a paróquia, cita como “imperador do Espírito Santo de então, José Bento, que não podendo fazer a Festa do Espírito Santo”, doou para a Igreja Matriz a lâmpada para o Santíssimo Sacramento. Entretanto, o Pe. Frei Burchardo não cita o ano em que José Bento seria o imperador.
No decorrer do tempo, a realização da Festa do Divino Espírito Santo passou a ser objeto de preocupação dos bispos de Curitiba e, a partir de 1908, do bispado de Florianópolis. A centralização da festa nas mãos dos leigos e a falta de controle por parte do clero sobre o seu ritual geraram uma situação conflituosa entre a Cúria Diocesana e os populares. E em Santo Amaro não foi diferente. A realização de novenas em casas particulares, o peditório com a bandeira, o destino dos recursos financeiros arrecadados e o próprio ritual da festa, concebido como excessivamente profano em detrimento de seu aspecto religioso, geraram severas medidas administrativas e coercitivas da parte hierárquica da Igreja, com o objetivo de disciplinar a festa o que, muitas vezes, desagradou à população.
Dessa forma, em 04 de janeiro de 1906, Dom Duarte Leopoldo e Silva proibiu o uso da bandeira do Espírito Santo para recolher esmolas. Vetou também as folias e determinou que as solenidades fossem revestidas de um caráter eminentemente religioso, excluídas as profanidades inadequadas. Os festeiros deveriam se submeter às determinações diocesanas, caso contrário, o clero negar-se-ia a participar das solenidades alusivas ao Divino Espírito Santo. Coube ao Pe. Frei Humilis Thiele, então pároco de Santo Amaro, comunicar ao povo a decisão do Bispo Dom Duarte.
Em 1910, houve a realização do Primeiro Sínodo Diocesano de Florianópolis e, nele, foi proibida a prática de folias e de novenas em casas particulares com a presença da bandeira do Divino, além de revogada a determinação de Dom Duarte, datada de janeiro de 1906, referente a peditórios com a bandeira do Divino Espírito Santo.
Em 20 de março de 1911, o pároco Pe. Frei Meinrado Pierre, de acordo com as determinações do Sínodo Diocesano de 1910, pede licença ao bispo para “esmolar para a Festa do Divino Espírito Santo com a bandeira conforme as prescrições diocesanas ao festeiro do ano mil novecentos e treze, Sr. Luiz Paulino da Silveira”. Em 24 de fevereiro de 1914, o referido pároco pede licença ao Bispo de Florianópolis para “esmolar com a bandeira do Divino Espírito Santo para a Festa de Pentecostes”, no que o bispo consente. No ano seguinte, 1915, o pároco volta a solicitar ao bispo “licença de sair a bandeira em peditório de esmolas”, no que o bispo novamente consente, mas faz uma ressalva: “com a bandeira, mas sem folia”.
Mediante a documentação histórica a que tivemos acesso, percebe-se que a proibição do uso da bandeira perdurou até 1918 quando, a pedido do Pe. Frei Policarpo, Dom Joaquim Domingues de Oliveira concedeu licença “desde que não haja abuso de espécie alguma antes mui moderação e simplicidade”. O Segundo Sínodo Diocesano de Florianópolis, realizado em 1919, mantém-se irredutível com relação à realização de folias mantendo-as “absolutamente proibidas”, mas libera os peditórios com a bandeira, determinando que sejam “feitos por pessoas de reconhecida religião e probidade, e aprovadas pela autoridade diocesana”. E para manter as prescrições diocesanas, “corrigir infrações e manter o respeito à lei, invocar-se-á, se preciso for, o auxílio das autoridades civis”.
Em 1921, “foi celebrada a Festa do Divino Espírito Santo com toda a solenidade. O festeiro obedeceu em tudo às determinações do Revmo. Sr. Bispo. Não houve folia. O novo festeiro prometeu também seguir o mesmo caminho”. Em 1926, o vigário Pe. Frei Clemente Tambosi pede autorização ao bispo “para poder sair a bandeira do Espírito Santo angariando esmolas”, ao que o bispo concede. Naquele ano, 1926, “a Festa do Divino Espírito Santo correu em boa ordem. Não houve nenhuma das acostumadas encrencas por parte do festeiro contra o Vigário, que exige às vezes usos antigos que foram proibidos pelo Sr. Bispo”.
Em 1927, a Festa do Divino foi “celebrada com a solenidade de costume”. Passado um ano, em 1928, conforme cita o Livro do Tombo da Paróquia, tem-se “a maior de todas as festas em Santo Amaro”, a qual foi “celebrada com toda a pompa e solenidade”. Em 1931, a festa “foi celebrada com toda a solenidade, concorrência e boa ordem”. Em 1932, além da pompa, a festa foi celebrada “com todas as cerimônias um pouco esquisitas”. Em 1938, a Cúria Metropolitana envia outra carta circular normatizando os festejos em honra ao Divino Espírito Santo, “proibindo terminantemente o abuso das folias por ocasião em que passa o peditório com a Bandeira”.
E, continuando o processo de disciplinar a Festa, faltaria ainda, segundo o Pe. Frei Fidêncio Feldmann, normatizar o excesso de novenas na véspera da Festa do Divino. Costumava-se promover novenas em diversas residências, incluindo a do festeiro. Com esse objetivo, escreve à Cúria solicitando providências. Em 19 de abril de 1949, o Pró-Vigário Geral Frederico Hobold, responde determinando que se faça uma só novena e essa na Igreja Matriz. Para contemplar os descontentes com as suas determinações, consente que, caso houvesse algum ritual tradicional realizado durante as novenas nas residências, o mesmo poderia ser realizado na Igreja Matriz.
A partir da realização da primeira Festa dedicada ao Divino Espírito Santo, em 1854, há a informação da inclusão da segunda-feira nos dias a ela destinados. Há longos períodos nos anais da paróquia em que a segunda-feira destinada à festa não é citada. Mas, em 1916, na tentativa de disciplinar o ritual da festa é sugerido que na segunda-feira seja realizada a “coroação do novo imperador”. Em 1959, o Livro do Tombo cita a segunda-feira como um dos dias festivos em honra ao Divino Espírito Santo e no qual foi realizado um baile, a partir do meio dia, conforme regulamentação da Cúria Metropolitana. Em 1970, o Livro de Crônicas da Paróquia evidencia, novamente, a inclusão da segunda-feira nos dias destinados à Festa do Espírito Santo. No ano seguinte, na Festa do Divino “tudo correu às mil maravilhas”.
No evento, em 1975, os anais da paróquia registram pela primeira vez o ato denominado “enterro dos ossos”, realizado na segunda-feira, no período da tarde. O referido ato, naquele ano, consistiu num Cortejo festivo, regado a bebidas e diversões ao som da banda de música, no qual “um caixão de ossos foi levado pelo centro da cidade com cantigas do velho carnaval, acompanhado pela banda de música. Os bares deixaram suas portas franqueadas para oferecer cerveja aos componentes do cortejo fúnebre”: era o enterro dos ossos. Ainda que o primeiro registro do “enterro dos ossos” tenha sido efetuado somente em 1975 nos anais da paróquia, é plausível que a sua efetiva instituição tenha sido em data anterior.
Ressaltamos também que, apesar da documentação evidenciar a inclusão da segunda-feira, após o dia de Pentecostes, como um dos dias destinados à realização da Festa do Divino Espírito Santo desde a sua criação em 1854, a história registra que a sua oficialização, enquanto feriado municipal em Santo Amaro, data somente a 08 de maio de 1997. Naquela data, o então prefeito Pedro Martendal sancionou a Lei de nº 1.183, instituindo “como Feriado Municipal, de conotação cultural, a segunda-feira destinada às atividades do Divino Espírito Santo”.
Em 1990, a festa sofreu críticas com relação ao luxo e ostentação que apresentava, como se observa no Livro de Crônicas da Residência dos Franciscanos de Santo Amaro: “O desfile do Imperador com sua Corte está sendo criticado, pois o luxo e a ostentação já não tem nada de sua origem. Além disso, o desfile incute no povo a mentalidade que na Igreja devemos ser submissos aos ricos e ditadores”.
Desde então, buscou-se sempre refletir sobre o sentido da Festa, ressaltando mais o seu significado espiritual e religioso. Principalmente a partir de 2013, tendo como pároco Pe. Frei Daniel Dellandrea, houve uma preocupação ainda maior em ter Casais Festeiros que sejam envolvidos na vida pastoral da Paróquia, além de um cuidado e zelo para que o foco esteja na devoção e manutenção da tradição.
ANO | CASAL FESTEIRO | OBSERVAÇÕES | FONTE |
---|---|---|---|
1854 | – | – | – |
1855 | – | – | – |
1856 | – | – | – |
1857 | – | – | – |
1858 | – | – | – |
1859 | – | – | – |
1860 | – | – | – |
1861 | – | – | – |
1862 | – | – | – |
1863 | – | – | – |
1864 | – | – | – |
1865 | – | – | – |
1866 | – | – | – |
1867 | – | – | – |
1868 | Manoel Antônio Soares do Nascimento | – | Jornal O Constitucional. Desterro-SC, de 02/07/1868, p. 3. |
1869 | – | – | – |
1870 | – | – | – |
1871 | – | – | – |
1872 | – | – | – |
1873 | – | – | – |
1874 | – | – | – |
1875 | Domingos Antônio Vieira | – | CAMPOS, Francisco Cândido de. “Histórico…”, p. 96. |
1876 | Cândido Antônio de Borba | – | CAMPOS, Francisco Cândido de. “Histórico…”, p. 99. |
1877 | João Eleutério Farias | – | – |
1878 | Domingos Barbosa Valente | – | – |
1879 | Jacob Philippi | – | – |
1880 | Camilo Antônio de Mattos | – | – |
1881 | Manoel José da Silva | – | – |
1882 | Antônio Lourenço de Medeiros | – | – |
1883 | Francisco Antônio de Morais | – | – |
1884 | Merenciano Francisco da Rosa | – | – |
1885 | Francisco Lourenço de Medeiros | – | – |
1886 | José Marcelino Vieira | – | – |
1887 | João Ferreira da Cunha | – | – |
1888 | Francisco Alexandre de Campos | – | – |
1889 | Emerenciano José Silveira | – | – |
1890 | José Pedro Koerich e Carolina Werner | – | Informação de familiares |
1891 | Carlos Jacobi Lünnback | – | – |
1892 | José Henrique Klöppel e Ana Clara Schürhaus | – | – |
1893 | Manoel Francisco Felisbino | – | – |
1894 | João Galdino Duarte | – | – |
1895 | Chrispim Lourenço de Silva | – | – |
1896 | Antônio Vieira Amaro da Rosa | – | – |
1897 | Camillo Antônio Valente | – | – |
1898 | Manoel Antônio Soares do Nascimento | – | – |
1899 | Leopoldo Bernardo Broering | – | – |
1900 | Gustavo Richard | – | – |
1901 | Frederico Bernardo Broering | – | – |
1902 | Jorge Brüggemann | – | – |
1903 | Davi Claudino D’Ávila | – | – |
1904 | Alfredo Magno da Silva Porto | – | – |
1905 | Henrique Becker | – | – |
1906 | Gregório Trierweiler | – | – |
1907 | Augusto Guniewald | – | – |
1908 | Pascoal Antônio Coelho | – | – |
1909 | Josué Di Bernardi | – | – |
1910 | Antônio H. Lehmkuhl | Braz Campos de Araújo cita: Marcolino José Costa | Caixa Paróquia Santo Amaro I, Pasta (1910-1915), documento datado de maio de 1910. AHESC. |
1911 | José Ferreira de Macedo | Braz Campos de Araújo cita: Jacob Philippi Knabben | Caixa Paróquia Santo Amaro I, Pasta (1910-1915), documento datado de 18 de abril de 1911. AHESC. |
1912 | Ladislau Leôncio Martins | – | – |
1913 | Luiz Paulino da Silveira | Braz Campos de Araújo cita: Paulo Henrique Broering | Caixa Paróquia Santo Amaro I, Pasta (1910-1915), documento datado de 20 de março de 1913. AHESC. |
1914 | Carlos Antônio de Borba | – | – |
1915 | Ângelo Francisco de Campos | – | – |
1916 | João Medeiros dos Santos | Braz Campos de Araújo cita: Pedro Durieux | Caixa Paróquia Santo Amaro I, Pasta (1915-1919), documento datado de 03 de março de 1916. AHESC. |
1917 | Jorge Nicolau Berbe | – | – |
1918 | Camillo Afra Valente | Braz Campos de Araújo cita: Tebiôni de Oliveira | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 2. |
1919 | José Laurindo Machado | – | – |
1920 | Mansur Elias e Maria Salum Elias | – | – |
1921 | João Cordeiro | – | – |
1922 | João Schwartz e Albertina Goedert | – | – |
1923 | Pedro Della Rocca | – | – |
1924 | Baita Elias | – | – |
1925 | Antônio Barbosa | – | – |
1926 | Jordino Tomas Coelho | – | – |
1927 | Antônio Luiz Amorim | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 22v. |
1928 | Pedro Althoff e Clara Althoff | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 28v. |
1929 | Elizeu Di Bernardi | Braz Campos de Araújo cita: Felício Mansur Elias | Informação de Judith Ramos Müller |
1930 | José Cunha | – | – |
1931 | José Mansur | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 36. |
1932 | Estêvão Becker e Maria Becker | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 38. |
1933 | Leogildo Gomes | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 41. |
1934 | Ernesto Pedro Rosar | – | Informação de Judith Ramos Müller |
1935 | Nelson Cordeiro e Marieta Cordeiro | – | – |
1936 | Gaspar Antônio Abreu | – | – |
1937 | Paulo Becker | – | – |
1938 | João Ferreira de Sousa e Maria de Sousa | – | – |
1939 | João Duarte da Silva e Ana Klöppel | Braz Campos de Araújo cita: João Duarte | Informação de Judith Ramos Müller |
1940 | Bernardo Knabben (Werner) e Alaíde Duarte Knabben | Há a informação que Adolfo Derner teria sido o Festeiro. Cf. Livro do Protocolo 7, p. 195, nº 13.214. AHESC. | – |
1941 | Manoel Venâncio da Silva e Amélia da Silva | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 54. |
1942 | José Pedro Gerent e Leopoldina Gerent | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 54. |
1943 | Oscar Schweitzer | Braz Campos de Araújo cita: Augusto José Brüggemann | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 55. |
1944 | Júlio Jacob Broering e Olga Elias Broering | – | – |
1945 | Manoel Augusto | – | – |
1946 | Manoel Júlio Pereira e Paulina Pereira | – | – |
1947 | Felício Mansur Elias | Braz Campos de Araújo cita: Eliseu Di Bernardi | Informação de Judith Ramos Müller |
1948 | Orlando Becker e Maria Hüntemann Becker | Braz Campos de Araújo cita: Oscar Schweitzer | Informação de Judith Ramos Müller |
1949 | Augusto Jorge Brüggemann e Catarina Brüggemann | Braz Campos de Araújo cita: Orlando Becker | Informação de Judith Ramos Müller |
1950 | João Mansur Elias e Ada Elias | – | – |
1951 | Alfredo F. Broering e Maria Broering | – | – |
1952 | Joaquim Agostinho Eller e Carolina de Abreu Eller | – | – |
1953 | André Nicolau Coelho Edite do Nascimento Coelho | – | – |
1954 | João Marcolino Costa e Amélia Ramos Costa | – | – |
1955 | Emílio Medeiros | – | – |
1956 | João Guilherme Klöppel e Ilsa Seemann Klöppel | – | – |
1957 | Pedro Mansur Elias e Odete Elias | – | – |
1958 | Antônio J. Campos e Nair K. Campos | – | – |
1959 | Evaristo Brüggemann e Verônica Pitz Brüggemann | – | – |
1960 | Pedro Becker e Clara Becker | Não houve festa. O festeiro faleceu antes da realização da festa. | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 75v. |
1961 | Jorge Brüggemann | – | – |
1962 | José Brüggemann e Nilza Brüggemann | – | – |
1963 | Guilherme Leopoldo Besen e Adelina Turnes Besen | – | Informação de Odete Turnes Grah |
1964 | Pedrinho Becker e Ema Broering Becker | – | – |
1965 | Eugênio Raulino Koerich e Zita Althoff Koerich | – | – |
1966 | André Procópio Lohn | – | I Livro de Crônicas (1900-1969), p. 177. |
1967 | Zari Farias e Teresinha dos Santos Farias | – | – |
1968 | Vilson Otávio Medeiros | – | – |
1969 | Rid Manoel Silva e Zena Silva | Braz Campos de Araújo cita: Rid Venâncio da Silva | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 86v. |
1970 | José Adolfo Becker e Maria Aparecida Lenfers Becker | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 88. |
1971 | Aleixo Alves de Sousa e Maria de Sousa | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 90v. |
1972 | Wilmar Henrique Becker e Isabel Becker | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 92. |
1973 | Paulo Becker | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 94. |
1974 | Joaquim Goulart e Emília Goulart | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 95v. |
1975 | Irineu José Coelho e Elsa Zimmermann Coelho | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 96v. |
1976 | Jonato Henrique Deucher e Nilta Broering Deucher | – | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 99. |
1977 | José Rodolfo Turnes e Maria da Graça Turnes | Braz Campos de Araújo cita: José Longino Turnes | II Livro do Tombo (1917-1977), p. 101. |
1978 | Luís Alfredo Broering e Maria Broering | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 1. |
1979 | Vidal Procópio Lohn e Vilza Maria Lohn | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 1v. |
1980 | Manoel Vieira e Nilza Lückmann Vieira | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 3. |
1981 | Heriberto Becker e Salete Becker | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 5v. |
1982 | Paulo Mauro Althoff e Madalena Lehmkuhl Althoff | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 7v e informações de familiares. |
1983 | Arnoldo Martendal e Maria Kraus Martendal | – | II Livro de Crônicas (1969-1999), p. 35v. |
1984 | Felisberto Besen e Nilta Ventura Besen | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 10. |
1985 | Hugolino Francisco Duarte | – | – |
1986 | Jaime Aleixo de Sousa e Humbelina de Souza | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 16 e Informação de Odete Turnes Grah |
1987 | José Lauri Santana | – | II Livro de Crônicas (1969-1999), p. 49 e III Livro do Tombo (1978-……), p. 17v. |
1988 | João Paulo Klöppel e Sônia Becker Klöppel | – | Informação de Odete Turnes Grah |
1989 | José Lauri Santana e Cleuza Santana | – | Informação de Odete Turnes Grah |
1990 | Pascoal Cláudio Martins | – | – |
1991 | Reni Broering e Margarete Zimmermann Broering | – | – |
1992 | Pedro Martendal e Luci Silva Martendal | – | – |
1993 | Raimundo Alberto Loch e Cristina Loch | – | – |
1994 | Arlindo Lehmkuhl e Isolete Rech Lehmkuhl | – | – |
1995 | Valter Grah e Claudete Miranda Grah | – | – |
1996 | José Cláudio Klöppel e Rosângela Souza Klöppel | – | – |
1997 | Aurélio Lindolfo Cândido e Terezinha Martins Cândido | – | – |
1998 | Angelino Abreu e Zurilda de Souza Abreu | – | – |
1999 | Expedito Martins e Raquel de Sousa Martins | – | – |
2000 | Adelmo de Souza | – | – |
2001 | José Jacinto Machado e Maria Salete Turnes Machado | – | – |
2002 | João Batista Lehmkuhl e Aparecida de Abreu Lehmkuhl | – | III Livro do Tombo (1978-……), p. 81v. |
2003 | Zulmar Antônio de Campos e Estela Broering de Campos | – | – |
2004 | José Sérgio Grah e Odete Turnes Grah | – | – |
2005 | Jair Andrino da Silva e Maria de Lourdes Miranda da Silva | – | – |
2006 | Paulo Reni Schürhaus e Zita Maria Broering Schürhaus | – | – |
2007 | Rafael Elias e Maria Angela Elias | – | – |
2008 | Luiz Carlos Goedert e Aurélia Goedert | – | – |
2009 | Pedro João Machado e Isabel Goedert Machado | – | – |
2010 | João Carlos Goedert e Armelinda Goedert | – | – |
2011 | Antônio Manoel Martins e Albertina Fraga Martins | – | – |
2012 | Lenir Madalena Besen e Filhos | – | – |
2013 | Ronério Heiderscheidt e Dirce Aparecida Heiderscheidt | – | – |
2014 | José Alcione da Silva e Sandra Regina Matos da Silva | – | – |
2015 | Haroldo Schürhaus e Cida Ventura Schürhaus | – | – |
2016 | Tomaz José de Matos e Márcia Regina de Matos | – | – |
2017 | Terezinha Abreu Derner e família | – | – |
2018 | Affonso Vieira e Aleria Maria Vieira | – | – |
2019 | Elói Jochem e Iraci Garcia, e Sidnei Kirchner e Viane Pfleger | – | – |
2020 | Festa Cancelada – Pandemia Covid19 | – | – |
2021 | Festa Cancelada – Pandemia Covid19 | – | – |
2022 | Alexandro Lehmkuhl e Fernanda Lehmkuhl | – | – |
2023 | Wallison de Abreu e Mariana Broering Herzmann de Abreu | – | – |
2024 | Adriano Murillo Schmitd e Maria Elaine Ramlow Schmidt | – | – |
2025 | Maria de Lourdes Schmidt e Fábio Schmidt | – | – |